As parachains de bem comum: Uma Introdução aos Slots de Parachain Alocados pela Governança

O ecossistema Polkadot possui equipes desenvolvendo várias Parachains, cada uma focada em seu próprio escopo. São parachains especializadas em contratos inteligentes, identidade, DeFi, robótica, bridges e muito mais. A Polkadot foi projetada para que as cadeias possam potencializar sua lógica de negócios para casos de uso específicos e interagir umas com as outras de maneira segura.

Apesar do espaço de design infinito dos sistemas blockchain, uma Relay Chain no ecossistema DotSama pode suportar um número limitado de parachains e é necessário escolher quais cadeias devem ter acesso à sua capacidade de processamento. Na maioria dos casos, é usado um leilão on-chain onde as equipes de cada parachain (ou talvez até as próprias cadeias) fazem lances expressando sua vontade de bloquear tokens DOT pela duração da locação do slot da parachain. Mas o sistema de governança da Polkadot também pode alocar slots de parachain nos casos que seria benéfico para a rede como um todo. Essa alocação é realizada em caráter de perpetuidade, sem exigir um vínculo.

Os leilões de Parachain servem como um mecanismo de descoberta para os produtos, primitivas e projetos mais demandados. Ao final de um leilão de slot parachain, a rede reserva o DOT dos vencedores pela duração da locação do slot, resultando em um custo de oportunidade, pois, os usuários que forneceram DOT para o leilão poderiam usá-lo para outra operação, por exemplo, staking. As equipes das Parachains sabem o quanto elas mesmo valorizam aquele slot, mas não podem saber o quanto outras equipes valorizam o mesmo slot. O leilão on-chain da rede visa divulgar a real avaliação do slot por cada cadeia e atribuí-lo aos maiores lances.

O problema da clandestinidade (caroneiro)

O mecanismo de leilão da Polkadot não é exigido para todas as Parachains, por exemplo, aquelas que podem ser consideradas Parachains de bens comuns . O conceito de "bens comuns" tem sido discutido por filósofos políticos e econômicos há séculos, e como uma sociedade os aloca levanta um conjunto padrão de problemas.

Um desses problemas é conhecido como clandestinidade ou o problema do caroneiro. Tome uma bridge para outra rede como exemplo: toda equipe de parachain pode acreditar que ter essa bride seria benéfico para a Parachain e seus usuários. Se uma equipe individual contribuir para a campanha de leilão da bridge, ela estará abrindo mão de recursos que poderiam usar em seu próprio leilão. Se eles não contribuírem, e muitos outros o fizerem, eles ainda poderão usar a bridge. As parachains que apenas "pegaram carona" se beneficiariam da bridge nas costas daqueles que a apoiaram no leilão do slot. Devido o incentivo ao "parasitismo", as parachains com potencial para o "bem comum" podem acabar sem DOTs suficientes apoiando seu lance no leilão.

O processo de governança da Polkadot pode alocar esses slots para evitar o problema da clandestinidade. Com um referendo público, os stakeholders da rede podem decidir registrar uma parachain sem passar pelo processo de crowndloan. Como o Conselho e o Comitê Técnico existem para representar os stakeholders e fornecer a orientação técnica, espera-se que ambos os grupos se envolvam nas discussões e moções na cadeia para aceitar ou rejeitar o registro direto de certas parachains.

Como em todas as decisões que passam por referendos públicos, os stakeholders da rede têm a palavra final sobre o que passa e o que não passa. Entendendo isso, podemos ver inicialmente duas categorias de blockchains que se qualificam como cadeias de bens comuns na rede Polkadot: cadeias de nível de sistema e cadeias de utilidade pública.

Cadeias de nível de sistema

As cadeias de nível de sistema movem funcionalidades da Relay Chain para as parachains, minimizando o uso administrativo da Relay Chain. Por exemplo, uma parachain de governança pode mover todos os processos de governança Polkadot da Relay Chain para uma parachain. A adição de uma cadeia de nível de sistema geralmente não é controversa, porque eles apenas movem funcionalidades úteis de um lugar (a Relay Chain) para outro (uma parachain).

Mover a lógica da Relay Chain para uma parachain é uma otimização que torna toda a rede mais eficiente. Todos os validadores precisam processar todas as transações da Relay Chain, mas a validação das parachains é realizada por apenas um pequeno grupo de validadores. Quando movemos lógica da Relay Chain para uma parachain e permitimos que o processamento seja feito por um subgrupo de validadores ao invés de todos, liberamos capacidade para a Relay Chain fazer sua função primária: validar parachains. Adicionar uma cadeia de nível de sistema pode tornar a Relay Chain capaz de processar várias outras cadeias. Em vez de pegar uma fatia de uma torta de 100 parachain, uma cadeia de nível de sistema pega uma fatia e assa uma torta maior.

Exemplos de potenciais cadeias em nível de sistema incluem parachains para eleições (Conselho), governança e identidade. Futuramente, a Relay Chain pode se tornar uma cadeia transactionless, ou livre de transações, pois só validaria as transições de estado das parachain e todas as funcionalidades transacionais atuais existiriam dentro de parachains.

Cadeias de Utilidade Pública

As cadeias de utilidade pública agregam funcionalidades que ainda não existem, mas que os stakeholders acreditam que agregarão valor a todo o ecossistema. Como as cadeias de utilidade pública agregam novas funcionalidades, há um componente subjetivo em sua avaliação: os stakeholders devem acreditar que vale a pena alocar um slot que, de outra forma, iria para os vencedores de um leilão e, portanto, teria a expressão da convicção dos apoiadores. A governança fornece os meios para internalizar o valor do slot parachain e distribuí-lo por todos os membros da rede.

As cadeias de serviços públicos estarão sempre alinhadas com a base de stakeholders da Relay Chain. Isso significa que elas adotarão o token da Relay Chain (ou seja, DOT ou KSM) como seu token nativo e interpretarão quaisquer mensagens recebidas da Relay Chain e das parachains de nível de sistema.

Alguns exemplos de potenciais cadeias de utilidade pública são bridges, cadeias de ativos genéricos e plataformas de contratos inteligentes que usam DOT. Tudo isso poderia operar sem um novo token: Uma bridge pode adicionar seu próprio token nativo para ser usado no pagamento das taxas, mas em muitos casos isso seria uma captura de valor desnecessária, pois ela pode usar em seu mecanismo de taxa o DOT e/ou os ativos da cadeia em que será feita a bridge. Uma blockchain de Layer 1 de contrato inteligente baseada em DOT permitiria a execução de contrato inteligente WASM usando o DOT como o ativo nativo para pagar taxas.

Uma cadeia de ativos genéricos permitiria que qualquer pessoa fizesse um depósito de DOT para fazer o deploy de um novo ativo na cadeia. Os ativos dessa cadeia podem ser apoiados por bens físicos como obras de arte, imóveis ou ouro; ou por produtos em papel, como ações de uma empresa ou moeda fiduciária detida por uma parte confiável, fornecendo uma plataforma de lançamento estável e permanente para stablecoins e moedas digitais do Banco Central.

As parachains de utilidade pública podem conceder lógica à funcionalidades que são privilégios da governança da Polkadot. Assim como a Relay Chain possui várias funções exclusivas, como definir a contagem do validador ou alocar DOT do Tesouro, essas parachains também podem ter funções privilegiadas, como alterar parâmetros do sistema ou registrar um ativo.

Como as cadeias de serviços públicos adicionam funcionalidades além do escopo da Relay Chain, esperamos que os stakeholders da rede as aprovem apenas em poucos casos. A grande maioria das cadeias de bens comuns provavelmente serão as cadeias de nível de sistema. Resumo: Parachains do Bem Comum de Polkadot

O conceito de uma cadeia de bem comum é essencial para entender Polkadot e Kusama. Ao alocar um subconjunto de slots de parachains para parachains de bem comum, toda a rede pode se beneficiar de parachains valiosas que, de outra forma, seriam subfinanciados devido ao problema da "clandestinidade". O sistema de governança da Polkadot está na vanguarda da coordenação social e será emocionante ver como isso ajuda a rede a evoluir para atender às necessidades de suas parachains e dos stakeholders.

artigo original em: Common Good Parachains: An Introduction to Governance-Allocated Parachain Slots


Giorge Abdala

Twitter: https://twitter.com/AbdalaGiorge

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Formado em TI pela UFPR, com pós graduação em Gestão de Marketing e MBA em Mercado Financeiro. É um membro ativo da comunidade DotSama Brasileira, desenvolvedor de softwares, apaixonado pelo ecosssitema de Polkadot, Kusama e suas parachains. Produz conteúdo original no Medium Blog PolkaMix e traduz conteúdos ainda não traduzidos para o português sobre o mundo DotSama no geral.

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