Statemine: A proposta de uma Parachain de Bem Comum 

Ao invés de determinar o ganhador de um slot de parachain por meio de um crowndloan, a governança on-chain da Polkadot e da Kusama possui o poder para atribuir um slot a partir de um referendo público.

As parachains que recebem slots por meio de governança são conhecidas como Common Good Parachain, ou Parachains de bem comum, e fornecem funcionalidades central que seria suscetível ao problema da clandestinidade se deixada à dinâmica do mercado de leilões.

Apresentando o Statemint

A Parity Technologies desenvolveu uma cadeia de ativos genéricos chamada Statemint como uma das primeiras cadeias de bem comum. Essa parachain fornece funcionalidade para implantar ativos - desde NFTs a stablecoins e moedas digitais do Banco Central - nas redes Polkadot e Kusama e proporcionaria aos usuários uma experiência melhor com taxas mais baixas do que as soluções existentes. [ 1 ]

Uma funcionalidade básica de uma blockchains é a capacidade para rastrear a propriedade de um ativo da Layer base, como o token do protocolo nativo. Mas as blockchains podem querer rastrear mais do que apenas o token do protocolo nativo, então também faz sentido poder rastrear outros ativos sem lançar uma nova rede para cada um.

Os ativos fora do protocolo principal podem representar uma série ampla de bens e serviços, mas tendem a se enquadrar em três grupos: aqueles lastreados pela utilidade de um protocolo, aqueles lastreados por uma reserva fora da cadeia e aqueles sem lastro. Ativos lastreados pela utilidade de um protocolo on-chain podem fornecer a seus proprietários direitos a algum benefício ou funcionalidades em outro protocolo, como por exemplo, direitos de voto ou aplicativos do tipo "vending machine", ou "máquina de venda automática" que exigem que os usuários possuam algum token para usá-lo.   Ativos com lastro off-chain podem suportar uma ampla variedade de bens, como obras de arte, ações de uma empresa, imóveis, ativos de outros sistemas de consenso, ou reservas fiduciárias. Isso requer alguma confiança de que o lastro prometido realmente existe e é autêntico, e geralmente existem alguns meios para mitigar esse risco, como auditorias de terceiros. Os ativos sem lastro são totalmente baseados em confiança.

Todos esses ativos derivam seu valor da crença do proprietário de que o emissor é capaz e está disposto a cumprir a promessa que o ativo oferece. Essa parachain não precisa fornecer ferramentas para verificação, pois elas são exclusivas para cada ativo, mas forneceria a funcionalidade principal para emitir esses ativos, onde cada emissor resguardaria a autenticidade das suas promessas. Cada emissor precisaria de seus próprios métodos para defender a autenticidade. Por exemplo, um emissor de ouro pode fornecer os certificados de autenticidade e os registros de um cofre. 

Desempenho e Funcionalidades

Em outras blockchains, os ativos on-chain geralmente são emitidos como contratos inteligentes com interfaces comuns. O uso de contratos inteligentes para funcionalidades padrões é fadado à ineficiência e altas taxas, pois plataformas de contratos inteligentes devem analisar cada etapa da execução. Avaliar a mesma lógica repetidamente desperdiça recursos do sistema porque a complexidade da execução e o uso dos recursos já são bem conhecidos; não há necessidade de fazer nova avaliação toda vez que for executado.

Parachains podem codificar essa interface para ativos diretamente na cadeia, permitindo execução barata e rápida das funcionalidades básicas. Ao codificar a funcionalidade do ativo diretamente na cadeia, o sistema não precisa medir as chamadas padrão porque já avaliou a lógica e sabe qual a taxa cobrar.

A cadeia de ativos genéricos permite que qualquer pessoa faça o deploy de um ativo, desde que faça um depósito em DOT (ou KSM para a parachain Kusama). Entretanto, se houver aprovação da governança da Relay Chain, o ativo também pode ser registrado sem depósito. Os ativos têm alguns dados associados a eles, como o saldo mínimo , o saldo abaixo do qual uma conta é excluída automaticamente (para evitar o acúmulo de "contas poeira" de baixo valor). Os ativos também podem ter metadados, como o número de casas decimais e o símbolo de ativo, registrados nele.

Polkadot normalmente exige que as contas tenham um saldo mínimo, conhecido como Depósito Existencial (DE), para existir. As contas cujo saldo fica abaixo do DE são excluídas automaticamente para evitar o acúmulo de "contas poeira" de baixo valor. No entanto, para o usuário que deseja trabalhar apenas com um determinado ativo, adquirir DOT/KSM é um obstáculo a mais. Como os ativos também exigem um saldo mínimo, é possível que um ativo seja registrado como "autossuficiente" se a governança da RelayChain estiver de acordo. O saldo mínimo de um ativo autossuficiente representa um valor suficiente para que a conta possa existir sem que haja um saldo adicional de DOT/KSM.

Depois que o ativo é implantado, o criador pode definir uma equipe de manutenção, que consiste em um emissor que pode cunhar novos tokens, um administrador que pode congelar ou queimar tokens em qualquer conta e um "freezer" que pode congelar todos os tokens do ativo . Esses membros da equipe podem ser indivíduos ou contas multisig (para grupos, por exemplo, o conselho de administração de uma empresa) para gerenciar esses privilégios. Mas, se o emissor quiser que ninguém tenha acesso a essa lógica privilegiada, ele pode configurar essa equipe de administração para contas inacessíveis. 

Como uma parachain de bem comum, a Statemint permanecerá totalmente alinhada com os detentores de tokens da Relay Chain. Assim, os órgãos de governança da Relay Chain terão controle sobre a direção da Statemint e tomarão decisões como registrar um ativo sem exigir depósito, alterar parâmetros como o valor do depósito existencial e propor atualizações na lógica e funcionalidades da cadeia. [ 4 ] O Conselho da Relay Chain também pode fornecer financiamento para custos de manutenção e infraestrutura, como a execução de nodes completos e collators.

A Statemint permitirá que diversas entidades, desde artistas que emitem tokens para seu trabalho até bancos centrais que emitem moedas digitais do Banco Central, implantem seus ativos na rede Polkadot. Ao codificar esses padrões como lógica de primeira classe na cadeia e permitir que contas não detentoras de DOT usem os ativos, os usuários enfrentarão taxas e obstáculos mais baixos ao usar seus ativos na rede. A implantação e a manutenção dessa parachain através da governança on-chain mostrará o poder da comunidade Polkadot para organizar e fornecer um utilitário para todos os dapps e usuários da rede.

Artigo original em: "Statemint" Generic Assets Chain: Proposing a Common Good Parachain to Polkadot Governance


Giorge Abdala

Twitter: https://twitter.com/AbdalaGiorge

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Formado em TI pela UFPR, com pós graduação em Gestão de Marketing e MBA em Mercado Financeiro. É um membro ativo da comunidade DotSama Brasileira, desenvolvedor de softwares, apaixonado pelo ecosssitema de Polkadot, Kusama e suas parachains. Produz conteúdo original no Medium Blog PolkaMix e traduz conteúdos ainda não traduzidos para o português sobre o mundo DotSama no geral.

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